segunda-feira, setembro 27, 2010

A que vem...

Este blog é um desejo antigo. Meio diário, meio crônica, é um canal para falar com muita gente que compartilhe de gostos parecidos. No meu caso, fotografia e livros, ou, mais precisamente, LIVROS FOTOGRÁFICOS. Minha mais antiga e também a mais nova paixão.

Explico: desde que comecei a fotografar, lá pelos quinze anos, montava meus álbuns de fotos com capricho e detalhes (era hobby, claro). Um livro artesanal. Fotografava um tema, escrevia texto, legendas, desenhava molduras, fazia o lay-out. Tudo a mão, com esquadro, nanquim, as ferramentas da época. Quando queria e podia caprichar, usava letraset, umas letras decalcáveis que eram o luxo possível nos anos 70.

Fui me aprofundando cada vez mais na fotografia, cobri casamentos, formaturas, festas em geral... mas aí não cabia artesanato, era o caso de montar álbuns como todo profissional da época, cada página uma foto, depois encadernava tudo. Nada de molduras, legendas...

Veio a tecnologia da "editoração eletrônica", que foi como se chamou a atividade de diagramar no computador e imprimir tudo pronto depois, uma página inteira com texto e imagens, e resolvi abrir o que mais tarde virou a Imagem Virtual, uma das primeiras empresas no Brasil a oferecer o serviço como birô, uma espécie de departamento terceirizado das editoras. Parei de fotografar, mudei de cidade, dediquei vinte anos à composição e produção editorial de livros, design gráfico em geral, tudo na tela do computador.

A fotografia evoluiu sem que eu acompanhasse de perto. Ficou digital, e agora se fotografa aos montes. Antes, um filme de "36 poses" era algo a se aproveitar, fazer escolhas mais cuidadosas, arriscar só um pouco: se o filme acabasse no melhor momento, até trocar por outro a cena passava. Agora, os cartões de memória voltam de um passeio com centenas, e de uma viagem com milhares de fotos: mas quem tem tempo para organizar, selecionar e mostrar isto tudo para os amigos? E o desespero quando uma pane no micro apaga os arquivos de fotos que nem foram impressas?

A saudade da fotografia me fez voltar à atividade. Comprei equipamento novo, comecei a estudar as minúcias da fotografia digital, suas diferenças da fotografia analógica, voltei a ver minhas fotos antigas, pensar em organizar novos álbuns... Quando me dei conta, tinha acabado de descobrir que a mesma tecnologia que me permitia fazer livros de texto na tela do computador agora tinha alcançado os livros de fotografia, e que podia diagramar caprichosamente um álbum fotográfico, com texto, legendas, molduras e enfeites, imprimir com qualidade fotográfica e encadernação profissional... e que este era o jeito mais interessante de valorizar aquele mundo de fotos que a fotografia digital nos permite tirar.

E me vejo hoje fotografando profissionalmente de novo, produzindo LIVROS FOTOGRÁFICOS para mim e para meus clientes, não apenas aqueles para quem fotografo, mas para aqueles que voltam de uma viagem com milhares de fotos e um milhão de coisas para fazer, sem tempo para transformar aquelas lembranças em algo fácil de curtir.